Pesquisa do Expresso Feminino

22 de abril de 2010

Solidão

por Flávia Pantoja Strafacci

“(...) A pior solidão da existência é aquela em que nós mesmos nos abandonamos (...)” (CURY, A ditadura da beleza: Fala do personagem Dr. Marco pólo, capítulo 2).

A solidão em que nos abandonamos é aquela em que podemos estar no meio de muita gente, mas nos sentimos sozinha assim mesmo. É algo de dentro pra fora e não o contrário.
Se você está sentindo isso provavelmente está perdida, sem saber o que quer, do que gosta e o que fazer para mudar o percurso de sua vida.
Muitas mulheres se entregam à rotina de tal forma a esquecer de si mesma. Algumas fazem isso por querer ser grande profissional, outras por priorizar a família.
Há mulheres que desejam tanto o reconhecimento profissional que o tempo passa e ela só investe nisso, fechando as portas para a sua vida afetiva, não deixando espaço para seus familiares, para um pretendente, para as coisas que gosta de fazer sem ser trabalho e não consegue se imaginar iniciando sua família (marido e filhos).
Essa mulher por mais que alcance seu destino principal de ser uma excelente profissional com reconhecimento, sente um enorme vazio e não sabe por que. Acaba indo atrás de mais conhecimentos, mais cursos, busca outras alternativas profissionais, pois não percebe que o que lhe falta são as outras coisas. Seu trabalho tornou-se uma espécie de vício e acaba demorando para que ela perceba que o vazio que possui é a parte da existência dela que foi deixada adormecida, sempre para depois.
É o perigo que se corre quando damos prioridade a uma só coisa na nossa vida. Pois há mulheres que fizeram exatamente o contrário: deixaram sua profissão de lado pela realização familiar.
Muitas casam, têm filhos e é aí que ocorre a tal escolha – muitas largam seu trabalho por preferirem cuidar de seus filhos de perto do que trabalharem para deixá-los com outras pessoas.
O perigo deste segundo exemplo existe quando a mulher esquece de si pelos outros, mesmo que estes sejam seus próprios filhos. Muitas se largam, deixam todos os planos de lado, não só a profissão, mas os cursos, viagens, milhares de realizações e planos que deixam de existir pela rotina deles.
Não há como haver felicidade total sem a busca por todos os conteúdos que formam a vida: profissional, familiar e pessoal. Quando se abre mão de um desses quesitos, a tendência natural é que a pessoa se sinta sozinha e infeliz – um vazio impreenchível.
Mesmo que não receba pelo seu trabalho, é necessário que ele exista, não importa que outros o chamem de hobby e que alguns não o reconheça como trabalho, o importante é você se satisfazer com ele.
Família é essencial na vida de um ser humano. Seja ela qual tipo for, com tios, pais, com agregados, com filhos adotados, filhos ‘legítimos’, com casamento convencional ou fora do padrão, amigos, não importa. Pessoas precisam de calor humano e ponto.
Mesmo que você possua tudo direitinho – carreira, família... se não satisfizer vontades pessoais, você não será completa. Falo de qualquer coisa: um curso, uma viagem, enfim, a realização de seus
sonhos.
Dessa forma, creio que a grande solução para não nos abandonarmos e, consequentemente, não nos sentirmos sozinhas é tentar ponderar esses três ponteiros de nossas vidas: profissão, família e pessoa. Mesmo que em alguns momentos de nossas vidas sejam extremamente necessário nos apegarmos a um só, não devemos abandonar os outros.

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