Descoberta da gravidez

por Flávia Pantoja Strafacci

Mesmo para uma mãe que desejava muito engravidar, quando você faz um exame que confirma a gravidez, por mais feliz que se sinta, parece surreal, não cai a ficha. Você fica meio que pensando ‘e agora?’ e não consegue sentir aquilo com a intensidade que imaginou que sentiria.
Ao fazer a primeira ultrassonografia finalmente você sente que é real, mas a realidade ainda é distante. Você vê aquela ‘bolotinha’ escura na telinha e pensa: ‘meu Deus! Uma sementinha de mim está se formando!’; no momento em que a médica coloca o coração para você ouvir, seu coração dispara de vez e dá um nó na garganta que impede que as lágrimas rolem rosto abaixo...
Você sai trêmula do consultório sem saber o que sentir: medo, alegria, ansiedade... Você quer gritar ao mundo que será mãe e ao mesmo tempo quer se recolher e morrer de tanto chorar, por realizar algo tão grandioso. Mas o medo... Este é inevitável! É algo que você sente instantaneamente ao saber da notícia. Você se questiona se é o momento certo – mesmo que tenha o programado, questiona sua capacidade para ser mãe... sua situação financeira...
Mil dúvidas pairam sobre nossa cabeça e isso impede, de alguma forma, de curtimos o momento de alegria plenamente. O resto do dia que você viu seu filho pela primeira vez não existe mais. Você até pode conseguir fazer alguma coisa meio que automaticamente, mas sua cabeça não está no trabalho, não está numa conversa qualquer que tenham com você... você só pensa no que vai acontecer dali pra frente.
Você passa a mão na sua barriga querendo sentir aquele pedacinho de gente se formando dentro de você... ainda parece ser um pouco mentira... Você não o sente direito, se não fosse pela imagem e todos os sintomas que você está sentindo, você não acreditaria que está grávida.
Após alguns dias, sua cabeça vai se organizando, você provavelmente leu, ouviu e assistiu tudo o que podia sobre o assunto, e por mais que pareça impossível realizar tudo aquilo, um lado seu começa a despertar e uma vozinha interior diz que você é capaz e na hora saberá o que fazer... e essa voz vai se fortalecendo dentro de você à medida que seu filho cresce dentro de seu ventre.
Você cria uma segurança dentro de si que mesmo que digam coisas absurdas, falem ‘faça isso’, ‘não faça aquilo’, ‘você precisará disso’... você escuta, mas não dá tanta importância pois lá no fundo sabe que só você é capaz de cuidar de seu filho da forma ideal, pois foi você que o gerou... sentimos que o conhecemos antes mesmo dele nascer.
E esses sentimentos que vão surgindo enquanto ele vai se desenvolvendo cria uma magia especial que é praticamente impossível descrever com palavras... Você agradece todos os dias a Deus por ter sido abençoada e por poder ser capaz de gerar um ser tão puro, alguém que ainda vai se tornar um Ser completo.
É uma imensa responsabilidade, mas sua gratificação é equiparadamente grande. Nos sentimos mais fortes, apesar de parecermos mais frágeis; nos sentimos mais mulher, apesar de parecermos nesse momento um ser meio assexuado (imagino que as pessoas vejam as mulheres grávidas dessa forma); nos sentimos plenas – o ciclo da vida praticamente se completou.
Sentimos que nosso corpo esteve todo tempo de nossa existência se preparando para esse momento.
 E você? Sentiu tudo isso? Seja portadora de sua alegria aqui também.

Texto interessante: Formas de contar ao seu amor que está grávida

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