Bulimia nervosa

por Flávia Pantoja Strafacci

Esse assunto é muito sério e vem acontecendo com mais frequência a cada ano que se passa. Bulimia nervosa é um tipo de transtorno alimentar. Os grandes vilãos dos transtornos alimentares são a mídia, o consumo desenfreado de cosméticos, essa mania social de supervalorizar a beleza exterior, cultura que acaba tomando conta do inconsciente popular, afetando, principalmente, as mulheres, neste caso, as afetam ainda em sua adolescência.
A característica principal das pessoas que apresentam esse transtorno é o pavor de ganhar peso, porém parece que o medo de engordar as afeta de tal forma que passam a ter compulsão por ingerir alimentos, mas sentem culpa por não ter autocontrole e utilizam meios para se livrarem do que comeu – vômito forçado, uso de laxantes, diuréticos e/ou prática de exercícios extenuantes. Essa atitude vira um ciclo vicioso.
O transtorno é difícil de ser percebido até pelas pessoas mais íntimas, pois a pessoa afetada tem consciência do absurdo e esconde; além disso, apesar de comer muito, ao colocar tudo que ingeriu para fora faz com que não ganhe peso. Na bulimia, ao contrário da anorexia, a pessoa não perde peso porque come bastante, ela apenas não engorda o equivalente ao que ingere. É importante ressaltar que a pessoa tem noção de que é absurdo, porém não tem controle sobre sua atitude.
Uma pessoa que sofre de bulimia geralmente tem pavor de engordar, fala muito sobre dietas, calorias e do físico. Procura comer escondida, às vezes esconde comida, pensa em comer o tempo todo, tenta lutar contra a atitude desenfreada de colocar para fora o que ingeriu, o que faz com que esses episódios de vômitos e laxantes ocorram, pelo menos no início da doença, de 2 a 3 dias por semana.
Além de apresentar obsessão pelo ‘culto’ ao corpo, a pessoa bulímica apresenta baixa autoestima, nunca está satisfeita com sua aparência física, possui conflitos de identidade, sofre de depressão, se culpa por comer e sente vergonha de eliminar o que ingere. As pessoas que possuem problemas familiares também são mais afetadas por esse mal.
A bulimia pode acarretar em problemas clínicos. “Os repetidos episódios de auto-indução do vômito geram problemas noutros sistemas do corpo. Ao se vomitar não se perde apenas o que se comeu, mas os sucos digestivos também. Isso pode acarretar desequilíbrio no balanço dos eletrólitos no sangue, afetando o coração, por exemplo, que precisa de um nível adequando dessas substâncias para ter seu sistema de condução elétrica funcionante. As repetidas passagem do conteúdo gástrico (que é muito ácido) pelo esôfago acabam por ferí-lo podendo provocar sangramentos. Casos extremos de rompimento do estômago devido ao excesso ingerido com muita rapidez já foram descritos várias vezes. O intestino grosso pode sofrer conseqüências pelo uso repetido de laxantes como constipação crônica, hemorróidas, mal estar abdominal ou dores” (Psicosite).
Se você acha que alguém de sua família sofre desse problema, tenha muita calma. Não aja como se ela fizesse de propósito ou se tivesse autocontrole sobre seus atos. Caso não saiba como conversar com ela ou já tenha conversado mas ela não admitiu e não quis se tratar, procure você mesma (o) um psicólogo que poderá te auxiliar como agir com ela.
As melhores formas para tratar da bulimia são: psicanálise, terapia cognitivo-comportamental, terapias de grupo, grupos de autoajuda, psicoterapias individuais, além de um acompanhamento de nutricionista e médico. Se você tem alguém com esse problema procure um lugar que possua esses tipos de tratamento. O apoio de uma pessoa próxima também é importante, como se trata de uma doença que afeta o psicológico, há necessidade de muita compreensão e amor.
O mais importante de tudo isso é aprendermos a não cultuar a beleza externa a ponto de fazermos as pessoas que amamos adoecerem. Se você possui uma (um) filha (o), tome muito cuidado com o que ela (e) vê e diz. Não seja, em hipótese alguma, uma mãe que controla a alimentação dela (e) para que não engorde. Claro, queremos filhos saudáveis e que não se tornem obesos, mas jamais devemos desejar filhos que aprendam a cultuar seu corpo acima de tudo.

Assunto com teor mais completo: Revista de Psiquiatria Clínica

AJUDA: Bulimia e qualquer transtorno alimentar tem cura!

1. Assuma para si mesma que você tem um problema;
2. Aprenda a se gostar (ler livros de autoajuda pode ajudar);
3. Leia sobre o assunto, seja livros, revistas;
4. Procure uma nutricionista para aprender a se alimentar de forma saudável (um passo para não sentir culpa ao comer; ah! Se não tiver condições de pagar um profissional, lembre-se sempre que nas universidades existem atendimentos gratuitos);
5. Lute contra seu próprio preconceito e procure ajuda - existem lugares da internet que discutem o assunto... pessoas trocam experiências sobre o assunto, porém procure um lugar desses onde pessoas contam suas vitórias (não adianta ficar só trocando derrotas);
6. Ajuda profissional é imprescindível para a cura (Onde achar ajuda);
7. Não abandone o tratamento - transtornos alimentares não se curam da noite para o dia, são necessários tempo e persistência.

Sobre o que causa os transtornos alimentares, leia Síndrome PIB

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